quinta-feira, 17 de junho de 2021

Depois, quando tudo terminar...

Dia 15 de março de 2020, foi o último dia em que vi meu pais, abracei e beijei, antes da pandemia começar. Eu achava que ficaria 15 dias afastada, e isso seria fácil, mas aí começou a doer, e doer, e doer cada vez mais, então eu aprendi a viver assim, longe... às vezes eu chorava, meus amigos sabem o quanto senti... eu sabia que não estava abandonada, mas era assim que eu sentia. Eu tive meus sogros por perto o tempo todo, nunca estive realmente sozinha, mas não sei explicar... era algo estranho, fui vivendo com aquilo. Um ano e três meses depois minhas filhas voltaram a ter contato com meus pais, foi na segunda (14/06/2021), elas ficaram tão felizes, esperaram tanto por isso que nem acreditavam. A Duda, de dois anos, me perguntou se poderia descer do carro e a Nina de seis anos queria saber como estava a casa da vovó depois de tanto tempo. 

Durante todo esse tempo longe muita coisa aconteceu, coisas boas e ruins, a pior delas foi perder um dos nossos pilares, minha sogra. As pessoas devem achar engraçado alguém se lamentar por perder a sogra. Mas minha sogra sempre foi tão especial, ela sempre disse que tinha orgulho da relação que criou com as noras, ela nos tratava como filhas, sim ela era difícil, tínhamos vários problemas, assim como em qualquer relação, assim como irmãos se desentendem, como pais e filhos se machucam, nós também às vezes nos machucávamos, pensávamos diferente, mas no fim tínhamos uma a outra. Sabíamos com quem contar, dividimos grande e profundos segredos, nos abríamos! Estar com ela era estar em casa... eu vivi essa relação, ora mais próxima, ora mais afastada por 20 anos. 

Hoje sei que há inúmeras formas de amar e sei que ela nos amou, mas quando ela se foi, assim, sem mais, nem menos, eu senti, senti muito e aí eu fiquei com mais medo ainda... porque ela se foi e eu estive com ela nos últimos 20 anos, mas há um ano eu estava longe dos meus pais e eu tinha tanto medo de acontecer algo sem que eu tivesse ao menos um abraço, e aí, quando voltamos a nos ver esse semana, eu só pensava nisso, mas eu não tinha coragem, era como se algo me prendesse... lá em casa eu sou a que mais sente falta desse tipo de contato, eles não ligam muito pra isso, mas hoje eu não resisti pedi um abraço pra minha mãe e fiquei lá, como se eu fosse uma criança perdida que acaba de encontrar a mãe depois de minutos perdida, sabe aquela criança que se perde no parque e se desespera, mas que quando encontra a mãe tem medo de perder de novo, pois foi assim, eu abracei mesmo e não soltei, deixei as lágrimas correrem, me permiti viver o que eu estava esperando há  tanto tempo. E quando soltei, olhei pro lado e lá estava o meu pai, ele não é muito de abraçar, mas não teve chance de pensar, eu corri e agarrei. 

Ai que saudade, só Deus sabe tudo o que passou pela minha cabeça nos últimos meses, como foi difícil, como doeu. Sei que tem muita gente esperando pra viver isso, então não desistam, às vezes não entendemos os caminhos de Deus, mas ele está aqui, está aí, está em todos os lugares! Minha sogrinha, sei que estaria feliz em saber disso, ela me perguntou inúmeras vezes sobre isso, ela pensou em tantos planos para que isso acontecesse, sei que agora eu iria contar pra ela como foi e sei o quanto ela ficaria feliz por mim, por eles e pelas meninas! Mas também sei que ela está vendo tudo e está curtindo lá de cima, junto com mais um monte de gente querida que eu amo tanto. 

Gente, o abraço é um gesto tão importante para algumas pessoas, não podemos abraçar as pessoas no momento, mas quando pudermos não economizem abraços, eles salvam vidas! Então quando tudo terminar se abracem!

Bjo bjo

2 comentários:

  1. Ana, hoje sua mãe me contou sobre esse momento...do reencontro depois de tanto tempo... Ela chorou. Eu chorei. E agora, lendo o seu lindo e sensível texto, chorei novamente! Feliz por vocês 💓

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    1. Você acompanhou tudo de perto né Dani! Obrigada pelo carinho de sempre! 🥰😘

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