sábado, 12 de março de 2016

Relato de parto Marina

Há exatamente um ano minha vida mudou...
De repente queríamos ser pais! Alguns amigos já tinham filhos, mas nós não éramos nem casados. Por isso, decidimos não tocar no assunto e deixar esse sonho adormecido. Algum tempo depois, nos casamos e mais uma vez decidimos não tocar no assunto até completarmos um ano de casados, para poder “curtir” o casamento. Enfim, em outubro de 2013, conversamos e decidimos adiar por mais um tempo, por conta de outros projetos. No dia das mães, maio de 2014, parei o remédio, nos decidimos. Claro que demoraria, isso não acontece de uma hora pra outra, mas para nossa surpresa, dia 10 de julho senti falta da minha menstruação que sempre foi muito regular e estava atrasada há três dias. Foi aí que meu coração acelerou, o Vinicius Torres achou que era ansiedade da minha parte, mas aceitou que eu fizesse o exame para confirmar e relaxar, afinal era cedo para estar grávida, eu tomava remédios há mais de 10 anos e achávamos que isso contaria no processo. Estávamos no meio da Copa do Mundo, por isso não havia notado o atraso de três dias. Fiz o teste com uma amiga biomédica no local em que trabalho. Para confirmar fizemos três testes, e estava muito claro. Meu pingo de gente já estava na minha barriga... era tanta emoção que não cabia em mim. No mesmo dia organizamos uma baguncinha em casa, dissemos que era para comemorar o dia da pizza e na minha barriga um balãozinho de histórias em quadrinhos, desenhado com batom, dizia oi para os avôs e para os titios. Quanta alegria, que felicidade, foi comoção geral. Aos poucos a notícia foi se espalhando e só recebíamos boas vibrações. Mergulhamos de cabeça na minha gestação era uma delicia estar grávida. Poder ter e sentir meu pingo dentro de mim. O primeiro trimestre foi bem difícil, muitos hormônios invadiam meu corpo e me fizeram mal, muito mal, mas era bom, era por uma boa causa, valeria a pena. Esperamos o estralo do segundo trimestre que demorou a chegar, mas veio e aí só foram maravilhas, minha barriga crescendo, meu pinguinho prestes a ganhar nome e confirmar que Marina vinha aí. E o tempo passou rápido, muitos presentes, mimos, quarto novo, arrumação, busca pelo parto humanizado, estudo, doula, e aí encontramos o Paineiras e as Maris. A Mariana Petribú, minha doula, essa delicadeza de pessoa, essa grande amiga, ela nos ajudou muito, nos deu dicas e treinamentos. E 2015 chegou! Janeiro foi difícil, calor, nada pra fazer, fiquei muito nervosa, mas fevereiro logo se instalou e viajamos, foi ótimo. Terminamos tudo o que precisávamos e aí já era março. Comecei a finalizar o que havia começado para estar livre para uma nova e linda fase. Me cuidei: unha, cabelo, depilação. No dia 11, fizemos uma reunião com a Mari e as vovós participaram, foi gostoso, desenhamos a Marina na minha barriga e após essa tarde gostosa fomos ao Paineiras ouvir um relato sobre indução ao parto, gostaria de saber mais sobre o assunto, caso precisasse fazer uma. Ao nos despedir não sabíamos se chegaríamos ao próximo encontro. Com dó de tirar o desenho da barriga enrolei até às 23h30 para tomar banho e ao sair do chuveiro me sentei na cama para descansar, com 39 semanas já era difícil fazer tudo, apesar de não ter parado nada, mas acabei adormecendo. O Vi me acordou para que eu me ajeitasse na cama, e eu quis sorvete, mas ele me mandou descansar. Como sou teimosa levantei e fui tomar sorvete. Enquanto isso o Vi adormeceu. Eu me deitei e não conseguia dormir, algo me incomodava e quando notei eram contrações, como estavam próximas resolvi conferir e estava com contrações de 15 em 15 minutos. Era 00h35. Fiquei na cama sentindo minhas contrações ate as 3h30, quando senti vontade de ir ao banheiro e me dei conta que estava perdendo o tampão. Eu poderia estar em trabalho de parto. 4h resolvi ir ver TV na sala e o Vi acordou assustado, quando fui pegar o travesseiro no quarto, e quis saber o que estava acontecendo. Eu contei e ele se juntou a mim, mesmo depois deu ter afirmado que ele poderia continuar dormindo, pois eu estava bem. Estávamos felizes, radiantes, nossa princesa estava dando sinais de que chegaria. As 6h o Vi avisou a Mari que as contrações já estavam de 5 em 5 minutos. Mas que estávamos bem. Eu ficava na bola de pilates, no sofá, em pé, até comi um pão com nutella. Estava tudo bem eu só parava para respirar durante as contrações. Fui pro banho e o tempo entre as contrações diminuiu, era de 3 em 3 minutos. Novamente o Vi ligou para a Mari, apenas para informá-la, mas ela resolveu que viria aqui ver como estávamos. Fui pra cama descansar um pouco, pois havia passado a noite em claro, mas tudo que eu menos queria era descansar, estava curtindo tudo! Que delicia, minha bebê estava chegando... então a bolsa rompeu e a campanhia tocou, era a Mari. Só consegui dizer “oi” e abrir um sorriso e tudo começou... 7h50.
Parto ativo... quis ir para o banho de novo e quando saí fiquei no banheiro mesmo, tive uma leve queda de pressão e fui socorrida pela Mari. Ela e o Vi me massageavam durante as contrações e as dores, que agora eram dores de verdade, diminuíam. Lembro de ter perguntado se não era a hora de ir para a maternidade, mas ainda era cedo. Voltei para o quarto e tentei comer um pouco de mel, que me deu ânsia, então desisti. Estava em um mundo só meu e da Marina, sentindo-a cada vez mais perto, ouvia a respiração da Mari e copiava e sempre que possível relaxava porque eu lembrava que quando eu conseguia relaxar a dor diminuía. Comecei a sentir uma ardência e havia chegado a hora de ir para a maternidade. Tentamos, mas demorou para conseguirmos, as contrações eram longas e próximas, não conseguia me vestir, caminhar, apenas ficava de cócoras e deixava meu corpo e a Marina agirem. Mas depois de varias paradas, no corredor até o elevador, ao descer do elevador, antes de chegar ao carro, entrei no carro e seguimos rumo à Casa da Saúde. Ao descer do carro, em frente à maternidade, eu agachei mais uma vez. 9h20 fui para a temida sala de exames, morria de medo do exame de toque, mas acabei não sentindo nada, e na minha cabeça não teria dilatação e talvez pudesse pedir uma cesárea. Alias, em casa quando reclamei da dor a Mari me confortou falando que a banheira ajudaria e fui em busca de analgesia, mas para o meu espanto estava com dilatação total, a enfermeira viu até o cabelo da Marina. “Ai senhor, e agora? Ela vai ter que sair, não tem mais como desistir”. Acho que foi a primeira vez que eu pensei isso e me assustei, mas fomos para o quarto. Colocaram a banheira para encher e chamaram os médicos, Dr. Rogério, obstetra e Dr. Valnei, pediatra. O Vi ficou lá embaixo resolvendo a parte burocrática do parto e eu lá em cima rezando para dar tempo, para a Marina esperar o papai chegar, seria muito triste ele não estar presente, afinal ele acompanhou tudo, absolutamente tudo, consultas, exames... e ele chegou, mas a banheira nada de encher. Me perguntaram se eu queria sentar no banquinho e eu fui, rapidamente, depois da enfermeira colocá-lo mais perto de mim, pois achava que eu não chegaria até ele. O Vi se posicionou atrás de mim e assim, eu me encostei em seu peito. Nesse instante meu corpo fez força e parte da cabeça da Marina nasceu. Na mesma hora o obstetra entrou e pediu para eu não fazer força e esperar a próxima contração. “Já nasceu a orelha”, exclamou o médico. Nessa hora já não existia dor, apenas uma ardência, o pior já havia passado, ela estava chegando, chegando e chegou.... seu corpinho todo nasceu... e então eu gritei... o grito mais alto e mais profundo que existia em mim, do fundo da alma, um alivio, uma confissão, uma conquista. 9h53...“Conseguimos!”, exclamei. Era um misto de cansaço com vitoria, alegria, êxtase, amor! Nossa pequena estava em nossos braços e eu só pensava em como tudo isso era possível? Será realidade? Como Deus é bom! O milagre da vida aconteceu... ai... quanto amor. “Filha nós conseguimos, conseguimos, obrigada!”, não cansava de agradecer. “Obrigada Mari”, eu falei. E o Vi só conseguia chorar de alegria. Como nossa filha é linda, como ela veio parar em nossos braços? E foi assim que aprendi a ser mãe, assim conheci o amor mais puro do mundo, criou-se uma família, eu comecei a viver outra vida. E aí tudo começo... ligações, visitas, amamentação, amor, banho, noites em claro, alegrias!! A melhor vida que eu poderia ter.